segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pizzolato diz ter obtido no presídio 'pequenos sinais' da existência de Deus

 
Condenado no julgamento do mensalão, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato afirma ter "encontrado pequenos sinais da existência de Deus" na prisão. Disse também que Jesus atuou como seu "advogado" e impediu sua extradição para o Brasil.
A alegada "liberdade com Jesus" foi tema de um testemunho de fé dado por Pizzolato na igreja pentecostal Fonte de Vida, na periferia da cidade italiana de Módena, no último domingo, conforme vídeo mostrado à Folha.
Falando em italiano num púlpito montado diante de uma cruz luminosa, Pizzolato foi interrompido três vezes pelos aplausos de um grupo de cerca de setenta fiéis que assistiam ao ofício religioso.
"Um dia antes do julgamento, o pastor me mandou uma carta e me deu um livrinho. Sublinhei um trecho da carta que dizia que o senhor Jesus era meu advogado", contou Pizzolato em sua primeira aparição pública desde que a Corte de Apelação de Bolonha o libertou, no último dia 28.
"Quando os juízes começaram a ler a decisão, senti qualquer coisa, e o meu advogado começou a tremer. E a gente se abraçou. Ele me disse: Você será livre'", afirmou.
Sobre os quase nove meses que ficou na penitenciária italiana, Pizzolato disse que viveu a experiência de ser "um dos últimos dos últimos" e comparou a prisão aos leprosários onde eram depositados doentes na Idade Média.
Ele citou o episódio em que Saulo, o futuro apóstolo Paulo, foi convertido ao cristianismo após uma queda de cavalo a caminho de Damasco.
"Eu me vi no escuro, na dificuldade e na derrota, não tinha mais forças, e era como se me apertassem e asfixiassem. Procurava um meio de poder sobreviver e pedi a Jesus que me mandasse um sinal de qual era a sua vontade", relembrou.
Os sinais de Jesus, diz, foram os cultos celebrados pelo pastor Romolo Giovanardi todas as quintas na penitenciária de Módena.
"O pastor segurava a Bíblia e pôs a mão na minha cabeça. Naquele momento eu me senti mais leve, me sentia com um pouco mais de ar e de luz", disse, enquanto alguns fieis respondiam com "amém".
A igreja de Pizzolato na Itália não tem nenhuma relação com a denominação evangélica de mesmo nome que opera no Brasil.
O petista mencionou também Steve Jobs, o fundador da Apple, para exemplificar como os milagres de Deus precisam de tempo para serem compreendidos.
Ele citou o episódio em que Jobs, após abandonar a universidade, fez um curso de caligrafia e design que mais tarde seriam importantes para o desenvolvimento de softwares.
"Deus deu a ele a oportunidade de aprender, e ele levou 20 anos para compreender isso. Hoje eu não sei qual é a vontade de Deus, mas o que eu quero é não falhar no Seu projeto ("¦). Deus me deu uma oportunidade ao me mandar para um lugar difícil", disse sobre sua conversão religiosa na prisão.
Livre na Itália, Pizzolato disse que, como aposentado do Banco do Brasil, poderá se dedicar a alguma atividade voluntária na igreja. "Se tivesse a oportunidade de viver de novo, não mudaria nada na minha vida. Nem a passagem pelo presídio, pela alegria e os amigos que conheci lá. Espero dedicar o que me resta de vida a poder ajudar os outros", encerrou, sob aplausos.
O Ministério Público italiano impetrou ontem na Corte de Cassação (a instância mais alta do Judiciário local) um recurso para tentar obter a extradição do petista para o Brasil, onde foi condenado por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.
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